sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

MENSAGENS...

Quero terminar o ano de 2012 com essa reflexão de meu amigo e irmão Alcides, que diz tudo e um pouco mais nesse exame crítico da vida cristã na atualidade:

O que vi nas mensagens de Natal? 


Muito foi dito sobre eu, pouco se disse sobre o próximo; muito sobre “conversão”, pouco sobre amor; muito sobre “Jesus”, pouco sobre o Papai Noel; muito sobre apologia cristã (grande preocupação em “informar os desinformados” que não eram três e nem reis os magos que visitaram o menino Jesus), pouco sobre a essência do que é ser cristão; muito sobre inserir o menino Jesus em “todos os corações”, pouco em como aceitar o diferente (os “sem Jesus”, se é que podemos falar assim); muito se falou em adquirir (adquirir espiritualidade, Jesus e outras coisas com sua “pretensa aparência de piedade”), mas pouco falou-se em repartir. Lembro-me de um texto:

Deus se fez homem. Deus se repartiu com os homens. Para que essa partilha de amor fosse concretizada, Deus tornou-se homem. Repartir está na essência do homem. O egoísmo é uma distorção da criação. O egoísmo desumaniza o homem. Quando Deus tornou-se humano, tornou-o para que os egoístas/desumanos fossem humanizados.
Deus se humanizou para que nós recuperássemos nossa humanidade a tanto perdida. Perdida naquele momento em que a humanidade não quis repartir: “Deus ficaria com a divindade e o homem com a humanidade”, mas não, o homem recusou-se a continuar sendo homem e quis ser Deus, só Deus. O homem desumanizou-se e endeusou-se na mesma proporção.
“Oh humanidade perdida. Como levo o nome de humano se todas minhas ações são desumanas?” Sou humano por que assim sou ou por que ajo como tal? Mas Deus não quis ser somente Deus. Ele escolheu ser homem também. Ele repartiu. Ele se repartiu conosco. Em Jesus, o menino da manjedoura, encontramos essa humanidade.

O que vi nas mensagens de fim de ano?

Vi um clipe no facebook essa semana (Acesso no link:http://vimeo.com/56277083). No começo pensei que fosse uma daquelas músicas de fim de ano que passa na Globo: Todo mundo de branco cantando/desejando a concretização de suas auto-realizações para 2013... mas não era um clipe global, e sim “GOSPEL”. Não sei se a Globo se inspirou neles ou eles na Globo (“não estou bem certo disso”), mas ficou bonito... pena que não se trata do evangelho e sim de vender a imagem de uma denominação cristã. Depois de ver o clipe, pensei em escrever uma carta ao PROCON. Se eu a escrevesse, seria mais ou menos assim:

Caro PROCON, sinto informar-lhe que existem igrejas vendendo um produto com defeito: Uma promessa que só promete e custa caro, pois eles pedem toda a fé de uma pessoa. Dizem que 2013 será o ano em que se viverá o melhor de Deus, mas nos anos anteriores disseram a mesma coisa. Estranho isso, não?
Eles prometem também “vitórias em Deus” no ano de 2013. Acho que eles quiseram dizer “conquistas pessoais”, mas fico com receio dessa afirmação. Quando leio os evangelhos, nada encontro de realizações pessoais como a “supra suma” meta divina. Será que o Jesus da bíblia está com defeito e essas igrejas o concertaram? Acho que falta-me fé, pois vejo um Jesus realista, que não se preocupa com o sucesso, aliás, essa palavra parece mais um estigma da “louca” sociedade atual que impôs um padrão absurdo de uma pessoa “bem-sucedida”.
Um dia vi um sábio pastor afirmar que “evangelho é pé no chão, é caminhar uns com os outros, chorando e se alegrando, conforme o momento proporcionar”. Talvez o Jesus dessas igrejas seja diferente: O Jesus da auto-realização. Um Jesus que cumpre tanto quanto promete “promessas” egoístas. Nada daquele lance de repartir. Conquista significa dinheiro e status social. Acho que o Jesus defeituoso da bíblia estava equivocado ao definir sucesso com algumas palavras horríveis como “amar mais, dividir mais, chorar mais, refletir mais”.
Definitivamente, um Jesus defeituoso criou seguidores defeituosos: Olhem para Paulo e os apóstolos. Nada de conquistas pessoais. Olhem para milhares de pessoas que estão tão perto de Deus, porém longe desse padrão de sucesso. Mas é claro, um clipe como esse mostra-me que isso acontece por que eles não tiveram ainda a chance de participar de uma comunidade como essa, uma comunidade de fé.
A única coisa que peço nesse momento é que essas igrejas sejam obrigadas a devolver toda a fé que roubaram das pessoas. E que façam isso antes de 2013, assim, tenho certeza que elas viverão o que elas precisam viver de Deus: Ser gente como a gente.

Atenciosamente,

Alcides Bardela Filho.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O poder se aperfeiçoa na fraqueza


A força de um ser humano reside em sua fraqueza. Com esse teor bíblico começo minha exposição sobre a necessidade de sacudirmos da vida os “demônios” que nos afligem e nos atormentam diariamente nos fortalecendo na autoafirmação, autossuficiência, no egocentrismo, na grandeza de nossas realizações. Esses demônios estão internamente ligados a nós. Eles de uma forma muito sutil sopram palavras motivacionais, propostas encantadoras e a certeza de vitória no que for empreendido, seja na área profissional, familiar, sentimental, sexual, relacional, mantendo-se o aparente sucesso. Esse negócio de um espinho na carne, de uma pedra no sapato talvez não seja do interesse deles. Isso na verdade afasta as pessoas do tão almejado “sucesso” a todo custo, do mundo business. Externamente eles utilizam-se do sistema; dos maquiavélicos aparatos da sociedade manipuladora, consumista e do poder, um atrativo que corrompe facilmente. Ainda sob a forma de prazer instantâneo, a adoração ao corpo, o sexo descompromissado, a entrega a vários parceiros ou parceiras tem feito um estrago enorme na vida do ser humano.  A pornografia em toda a sua extensão maléfica tem destruído e minado a moral, a ética, o respeito, produzindo famílias desestruturadas. Todos esses malefícios citados e muitos outros enfraquecem o ser humano. A questão é: até que ponto esse ser humano considera-se fraco e reconhece suas fraquezas?
Quão poderosa é à força de Deus em nós quando reconhecemos nossos erros, nossa podridão, nossa limitação. Sua graça se manifesta e se evidencia claramente quando evitamos a presunção, quando evitamos comandar nossa própria vida. Contudo se manifesta extraordinariamente quando compreendemos o seu amor por nós, mesmo sendo pecadores e miseráveis, mesmo não tendo nada a oferecer, mesmo sendo somente “pó”, mesmo em meio a todas as fraquezas, Ele nos amou e ama. Oferece-nos a chance, através de sua Graça, de continuarmos a vida com as lutas internas, com as lutas externas, com o pecado que tenazmente assedia, com a vida aqui que é uma bagunça, com as crises, com os demônios que estão à espreita, enfim, com o espinho na carne, para que não nos esqueçamos de que somos dependentes inteiramente Dele e é vital reconhecermos quem somos e quem Ele é. Afinal, Ele sabe de todas as coisas e conhece tudo. Como haveríamos de enganá-lo?

Denn